quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Pequeno Nicolau de Laurent Tirard





Lembro que li e reli O Pequeno Nicolau várias vezes quando criança. Ganhei o livro do meu pai e sempre que relia era uma sensação nova.
Ás vezes, abria o livro só pra olhar as ilustrações e ficava imaginando elas se mexendo, ganhando vida, representando aqueles personagens.
Os créditos do filme no início, com as ilustrações exatamente iguais as do livro, foi o início da minha nostalgia bonita.
Quando assisti "O Pequeno Nicolau" na telinha, foi reviver exatamente esses meus momentos.
O ato de pegar o livro, sentar na poltrona e imaginar tudo aquilo.
Penso que entrou na minha listinha de adaptações de livro - cinema de maneira muito, mas muito bem feita.

Um filme retratado do ponto de vista de uma criança é sempre delicado. Penso que poucos, podem alcançar platéias de várias idades. Esse é um deles. A segunda vez que vi, 2 dias atrás, a platéia era composta apenas de pessoas mais velhas. Assim como aconteceu quando assisti "Onde Vivem os Monstros".

A apresentação dos personagens já me cativou tanto. E nem foi porque eu conhecia aqueles personagens do livro, notei que cada pessoa no cinema estava dando um sorriso naquele momento. Os personagens são crianças, tão humanas, tão reais, tão fáceis de se relacionar.
A atuação dos pequenos é bonito demais de se ver, fico imaginando como deve ter sido divertido dirigir o elenco de todos eles. Fiquei feliz também, de ver o rosto de Valérie Lemercier como a mãe de Nicolau. Já tinha visto o filme francês "Um Lugar na Platéia" e gostei muito de sua atuação como a atriz bipolar & cheia de vida.

O roteiro, só confirma o quanto a nossa imaginação quando criança ultrapassa qualquer limite de racionalidade.
O filme nos involve com a inocência da criança ao imaginar que seria abandonado pelos pais, a cumplicidade dos amigos ao querer ajudá-lo como se fosse uma aventura pronta para ser vivida, e só me confirmou como nossos pais também podem ser como eternas crianças, no final das contas.

A fotografia e seus tons pastéis no figurino, nos objetos de cena, e até mesmo las locações do filme, nos transportam pra um conto de fadas.
O exagero dos atos, como a cena em que Godofredo, o riquinho, usa uma fantasia de E.T enquanto dirige um carro roubado, as divagações de Agnan sempre com medo de se transformar em uma barata ou as imagens dos pais de Nicolau se deformando e virando monstros, quando ele pensa que os mesmos andam planejando o seu abandono na floresta, são puramente infantis.
Na melhor maneira possível. O universo e os medos infantis ali, em imagens, em expressões.

É um filme que fez com que eu me visitasse um pouco.
Um pouquinho pro passado, e muito pro presente, com meu irmão Antônio de nove anos.
Ele é um Clotário, um Alcestes, um Eudes, um pouco de Agnan. Ele é uma criança de verdade. E eu, só quero ter uma dessas dentro de mim, pra sempre.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Escafandro e Borboleta de Julian Schnabel.


Pode parecer pretensioso, mas eu senti que estava ali. Na pele do personagem.
Acho que essa é o primeiro sentimento que senti ao terminar o filme.
O personagem, Jean Dominique Bauby, jornalista e editor da revista de moda Elle sofreu um acidente vascular cerebral, e passou por um caso raro, que chamam de síndrome de locked-in.
Jean Dominique não podia se mexer. Se comunicou e escreveu seu livro através de piscadas do olho esquerdo. Letra por letra, compartilhou suas dores e sonhos.
O que o filme retrata, são apenas instantes, instantes diante do "deserto", como Jean mesmo falou, que foi o final de sua vida no hospital.
O que mais me chamou a atenção no filme, foi a Fotografia.
Acho que dividi mentalmente o filme em duas atmosferas.
A primeira delas, diria a linguagem do sonho. A imersão do personagem dentro de si mesmo, compartilhada conosco. Vemos do ponto de vista dele, sua visão modificada das pessoas. Há uma mudança. Ele, agora, só pode vê-las de perto. A câmera é seu olho, que em cada piscada nos apresenta a efemeridade e ao mesmo tempo, a densidade das imagens.
A cena inicial do acordar de Jean é tão real, que sentimos seu desespero a cada piscada, a cada mudança de ângulo que ele escolhe ver.
A linguagem do sonho se encaixa perfeitamente nas divagações feitas por Jean sobre sua vida.
Seja de memórias que aconteceram, ou da vida que ele não poderá ter.
O ato de sonhar não se torna limitado, mesmo quando tudo que podes mexer é um olho esquerdo.
A segunda atmosfera, diria que seria uma mais realista. Como no começo, vemos imagens do seu ponto de vista, ouvimos apenas sua voz.
Na metade do filme, vemos mais o rosto do personagem, completamente mudado após o acidente.
Senti o choque ao ver o seu rosto. Quase como se ele fosse um conhecido meu, entendi seu desespero ao ver o personagem completamente estático. Acordei.
A sensibilidade retratada aos personagens que fazem parte da vida de Jean, praticamente todos em primeiro plano na maioria do filme, é maravilhoso.
É como se mesmo depois de tanto tempo, Jean tivesse vendo, realmente vendo seus filhos, sua esposa, seu amigo, pela primeiríssima vez. Sua realidade agora, é outra.

Se eu tivesse que escolher uma cena que representasse o filme, diria a cena do telefonema entre Jean e seu pai. O diálogo é curto e eles dizem tanto. Fiquei na expectativa, aguardando uma explosão de choro de Jean, um grito, uma fala.
No fim, ficamos todos na expectativa, sentindo na pele, querendo a melhora dele, de Jean Dominique Baudy.

Trailer :

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

"Let them eat cake."


Maria Antonieta foi uma das primeiras vítima da "má" publicidade.
Assim como a famosa frase que abre esse post, os exageros dos boatos sobre a rainha ajudaram a trazer sua decadência. Desenhos eram publicados com seu rosto e distribuídos nas ruas, com frases que supostamente teriam saído da sua boca. Para os plebeus, aquela maldita boca enfeitada com o melhor batom, aquele cabelo armado onde poderia existir duas Franças dentro, ou o volume de seus vestidos onde mesmo assim, só tinha espaço pra uma Maria.
A verdade é que, sim, Maria foi uma vítima. Do seu destino.
Aos 15 tirada de casa, de seu país. Aos 16 casada com um homem que nunca vira. Francês. E agora deveria esquecer todos seus costumes e ser uma rainha francesa.
Seu dever? Ser uma boa rainha. O que significa, parir um filho à todo custo. A consequência de tanta pressão, tanta "escravidão da realeza", a falta de escolhas, de caminhos, sim, também a levou a decadência. Ao gasto, ás dívidas reais. Por isso, digo, Maria, ou Antonieta, foi uma vítima da sociedade, e do que foi imposto desde cedo a mesma.
Ver o "Maria Antonieta" de Sofia Coppola pela segunda vez me fez bem.
Primeira vez que assisti o filme achei o roteiro vago, sem graça, mas claro, fiquei encantada por todo o visual.
Na segunda, percebi de que se tratava um pouquinho mais. Todo o filme é visto pelos olhos jovens dela, Maria.
Suas apreensões, suas desilusões, seus impulsos. Seus instantes. O filme é feito de instantes. É o olhar pela janela, o sapato novo que a encanta, as flores de seu jardim, o pôr e o nascer do sol.
De pouco a pouco, conhecemos um pouco mais da rainha.
A estética jovial do filme nos aproxima, nos faz sentir que podemos estar lá. Dentro daquele filme, dentro daquela época. Não nos distancia, como muitos filmes de época.
Assim como a trilha sonora. Muitas músicas de bandas dos anos 80, como New Order, Siousxie, influenciaram o figurino, a personalidade dos personagens. Trazer os anos 80 para o século 18 é algo memorável. A ousadia não tem tempo.
O uso de cores fortes como magenta, rosa, verde forte, desequilibram o ambiente, escolha de Sofia, pois, na época essas cores não eram usadas assim.
Essa ousadia é vista no figurino vermelho da "Duquesa Falsa" Du Barry, nos doces e bolos, nos sapatos, e até, ousando um pouco mais, no All Star roxo visto num segundinho do filme.
Vemos muitas, muitas cores fortes. O desequilibrio, o exagero da realeza impresso ali, em cores.
O clima criado na Fotografia do filme na parte "três" do filme, pra mim, é a que eu mais me identifico.
A partir do momento em que Maria encontra o Soldado Fersen pela segunda vez, e se apaixona, e logo em seguida, o perde, a câmera é na mão. Os movimentos são suaves, ociosos.
A natureza é vista mais, são as plantas, as abelhas, a naturalidade da filha da rainha nessas cenas, acredito que todas as cenas ali, foram 100% improvisadas. A beleza do improviso.
Sentimos o Naturalismo no meio de um ambiente superficial, que é o mundo da realeza.

O mais bonito é ver a insegurança de Sofia Coppola, muitas vezes, ao descrever seu filme.
Ela diz :
"Fui sincera, fiz o que pude."

Sim, tu fez o melhor! Um filme dos olhos de uma mulher, sobre uma mulher, para todos.
Aguardo ansiosamente por "Somewhere". :)



domingo, 29 de novembro de 2009

Atividade Paranormal.


O primeiro contato de um espectador com um filme pode ser o pôster. O segundo, o trailer. Quando ouvi falar que um filme, na mesma linha do famoso "A Bruxa de Blair" (1999, que podemos mencionar como um marco no cinema de terror contemporâneo) havia custado 15 mil doláres e arrecadado um valor superior a 100 milhões, fui direto ao trailer pra ver o que se passava. Bom, aqui está o trailer : E o pôster mete medo com a seguinte frase : O que acontece quando você dorme? Com uma filmagem realista,planos fáceis,sem trilha, 4 atores. Os atores principais (Micah Sloat e Katie Featherston), iniciantes, receberam direções apenas da idéia do filme,do roteiro em si, mas não recebiam falas/scripts. Tudo foi improvisado, e a filmagem durou apenas 1 semana.
O filme prova que não é preciso uma produção milionária pra causar tensão, arrepios e medo de dormir.
O casal mora numa linda casa em San Diego e começam a ser atormentados por fenômenos inexplicáveis. Portas que se batem,luzes que acendem só, pegadas não-humanas.
A câmera serve para trazer essa entidade a tona, e expulsar de uma vez por todas de dentro da casa. O que acontece, obviamente, não é bem assim.
O tom realista do filme mete medo, pois passa a sensação de algo comum,um fenômeno provável a acontecer com qualquer pessoa, atingindo o público mais facilmente. Outro ponto interessante é que não vemos nada materializado, como espíritos ou demônios. Só evidências dele, o que causa mais tensão e curiosidade ao passar do tempo.

Dirigido por Oren Peli,um cara que nunca nem tinha feito curtas antes ou qualquer trabalho relacionado com o cinema. Juntou o dinheiro, filmou na própria casa, e pronto. Taí já na fase de produção do seu segundo longa, que se chamará
Area 51. Outro tema que, tenho certeza, vai dar muito o que falar.

sábado, 28 de novembro de 2009

TOP 5 Cenas Românticas.

Post rápido com 5 cenas de amour que adoro!


"You have bewitched me body and soul. And I love-love-love you."

Versão inglesa do filme,adaptada do romance de Jane Austen. Direção de Joe Wright, mesmo diretor de "Desejo e reparação" que também conta com a diversidade de personagens da atriz Keira Knightley.




"Te quiero porque a ti le puedo contar lo que a nadie puedo contar."

Sempre procuro por esse filme pra baixar e nada. Assisti num festival de cinema espanhol aqui em Recife e foi amor a primeira vista. Desconheço os atores,a diretora(Maria Ripoll) mas lembro de ter me apaixonado pela fotografia, e pela sutileza do roteiro. Versão de "In between days" (originalmente de The Cure), mas no filme cantada por Giulia y los Tellarini é a música tema.
site do filme. escutem a música! -> http://tuvidaen65minutos.altafilms.com/






" I don't just see what's beautiful. I fall for the other stuff."

Sequência do filme "Albergue Espanhol" (Cédric Klapisch). Roteiro mais maduro,diálogos cheios de significado,essa cena é apenas um exemplo. Mesmo não sendo correspondida, a personagem é totalmente sincera. lindo.






" I wish I had done a lot of things."

Foi difícil escolher uma cena desse filme. "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" é cheio desses momentos. Acho que essa cena é a mais intensa por incrível que pareça. Joel conversa com Clementine sem ela nem estar em quadro durante quase toda a cena. A atuação é perfeita, a fotografia e toda a atmosfera é a arte do sonho tão usada por Michel Gondry. Essa cena pra mim, representa todo o filme.





"Come what may, I will love you until my dying day."

Canção final do musical "Moulin Rouge"(Baz Luhrman). Onde o personagem Christian(Ewan Mcgregor) perdoa Satine(Nicole Kidman). Essa é a versão finale da música "Come What May". Muito mais emocionante.


(vídeo em ótima qualidade!)


e pra finalizar um recadinho : freedom, beauty,truth,love!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Se Nada Mais Der Certo


"A vida do ser humano com o outro é impossível. O que estamos assistindo é um milagre".


Personagens orfãos. Abandonados pelo sistema, a mercê da sorte. Assim vivem Leo(Cauã Reymond,totalmente desglamourizado), Marcin(Caroline Abras,olhos de Chloe Sevigny),Ângela(Luiza Mariani,atriz que adoro,finalmente resurge!), Wilson(João Miguel,dono de uma expressão carregada de sentimento densos).
A trama gira em torno do dinheiro e do abandono. Leo divide um apartamento com Ângela, que junto com ela, traz um filho pequeno. Além de sua depressão sem cura, não trabalha e gasta seu dinheiro em tarjas pretas. Leo conta com o trabalho/solidariedade da empregada que não ganha nada,mas ao menos, tem um teto para morar.
Leo conhece Marcin,bisexual,andrógina. Traficante,completamente sozinha,vive na cena dos bordéis com luzes neon na Grande São Paulo. Vive na cola de Cybelle, travesti vivida pelo ator Milhem Cortaz, que só nesse mês ainda está em cartaz com o longa Besouro e futuramente em Lula.

Um último personagem crucial se junta ao grupo. O taxista Wilson,juntos eles dividem cervejas, ideologias, sonhos e amarguras. Toda a amargura dos invisíveis da sociedade.
Se nada mais der certo é repleto de imagens carregadas de significados. A câmera escreve,dança entre os personagens. Contas de luz rabiscadas com desenhos infantis. A empregada que caminha pela casa apenas com a luz de vela,em total escuridão. O início do filme é de tanto movimento que os olhos não se perdem, eles acompanham toda essa "dança". São as luzes dos bordéis, os gritos de agonia de Leo, as andanças bêbadas de Ângela pelas ruas. Primeiros planos retratam a individualidade de cada personagem, a beleza do abandono, e logo depois, da identidade do coletivo.
O companheirismo dos três personagens principais(Leo,Marcin,Wilson) que topam qualquer negócio imediatista para sobreviver.

Falar mais entrega.

É um filme belo em todos os sentidos, graças a sua sutil fotografia (André Lavenere) que casa com o roteiro e a direção de José Eduardo Belmonte.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Top Direção!





Para começar, achei que falar sobre dois dos meus diretores favoritos(os contemporâneos) seria uma boa idéia! São tantos. Mas resolvi reduzí-los a apenas 2! Tarefa difícil. Vamos ver.

1) Timothy William Burton , mais conhecido como Tim Burton,o criador da caveira magrela Jack Skellington e da boneca de pano cantante Sally(Estranho Mundo de Jack). Tim nasceu em 58 na cidade de Burbank,Califórnia. Gosto de pensar nele como uma "criança grande". Suas obras tratam de temas infantis com estéticas sombrias. O que alcança,obviamente,um público variadíssimo. Começou a carreira bem. Ganhou uma bolsa de estudos na Disney. Virou o filho maldito da empresa Hollywoodiana de animação mais conhecida do mundo. Suas criações renderam. Jack e Sally revolucionaram com o stop motion nos anos 90. Muitas pessoas porém,acham que Burton participou como diretor,quando na verdade foi Henry Selick(James e o Pêssego Gigante) quem assumiu esse papel. O roteiro e os personagens são de Burton. Com esse sucesso foi ganhando a confiança dos milhões de Hollywood para os seus outros projetos. Doou ao Batman uma cara mais sombria e underground já existente. Lançou a morte hilária com Beetlejuice. Tornou o terror belo com A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Redimiu-se com seu próprio passado em Peixe Grande.Recriou uma Fantástica Fábrica vista do seu mundo, resurgiu com o stop motion novamente em uma saga na fusão de dois mundos em Noiva Cadáver. Retratou Londres em um musical poético e sangrento em Sweeney Todd. Dirigiu comerciais,clipes musicais,todos inconfundíveis. São notáveis suas características. É impossível confundir uma obra de Tim Burton. Enfim, um resumão do cineasta que é minha maior referência. Um surrealista atual.

2) Michel Gondry
A primeira obra que vi do francês foi o conhecido "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". Em parceria com o roteirista Charlie Kaufman (
autor que mesmo passando a impressão de ser bastante "surrealista" e introspectivo nas suas obras, foi muito bem aceito e é referência na área cinematográfica.(Being John Malkovich) define sua característica principal : a arte do subconsciente. Através de roteiros que contam histórias praticamente impossíveis de acontecer,Michel Gondry amarra os personagens principais nos espectadores. Através da linguagem do sonho,podemos entendê-los melhor. A exemplo disso temos Brilho Eterno , onde um casal(Kate Winsley+Jim Carrey) depois de brigas e reconciliações decidem apagar o relacionamento de suas memórias numa clínica. O personagem de Jim Carrey(Joel Barish) no entanto, se arrepende, e durante o sono, decide salvar a lembrança.
Já no "A Ciência do Sono" com Charlotte Gainsbourg e Gael Garcia, o sonho serve como uma maneira de se apaixonar. Através dos sonhos,Stéphane faz de tudo para conquistar o coração da moça Stéphanie.
Conhecido pela irreverência na direção em clipes de bandas como Bjork,The White Stripes,Beck,The Vines, Rolling Stones, usa e abusa bastante de técnicas de animação nas suas obras, como o stop motion, planos sequências, e uma abordagem humorística inconfundível.