quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Escafandro e Borboleta de Julian Schnabel.


Pode parecer pretensioso, mas eu senti que estava ali. Na pele do personagem.
Acho que essa é o primeiro sentimento que senti ao terminar o filme.
O personagem, Jean Dominique Bauby, jornalista e editor da revista de moda Elle sofreu um acidente vascular cerebral, e passou por um caso raro, que chamam de síndrome de locked-in.
Jean Dominique não podia se mexer. Se comunicou e escreveu seu livro através de piscadas do olho esquerdo. Letra por letra, compartilhou suas dores e sonhos.
O que o filme retrata, são apenas instantes, instantes diante do "deserto", como Jean mesmo falou, que foi o final de sua vida no hospital.
O que mais me chamou a atenção no filme, foi a Fotografia.
Acho que dividi mentalmente o filme em duas atmosferas.
A primeira delas, diria a linguagem do sonho. A imersão do personagem dentro de si mesmo, compartilhada conosco. Vemos do ponto de vista dele, sua visão modificada das pessoas. Há uma mudança. Ele, agora, só pode vê-las de perto. A câmera é seu olho, que em cada piscada nos apresenta a efemeridade e ao mesmo tempo, a densidade das imagens.
A cena inicial do acordar de Jean é tão real, que sentimos seu desespero a cada piscada, a cada mudança de ângulo que ele escolhe ver.
A linguagem do sonho se encaixa perfeitamente nas divagações feitas por Jean sobre sua vida.
Seja de memórias que aconteceram, ou da vida que ele não poderá ter.
O ato de sonhar não se torna limitado, mesmo quando tudo que podes mexer é um olho esquerdo.
A segunda atmosfera, diria que seria uma mais realista. Como no começo, vemos imagens do seu ponto de vista, ouvimos apenas sua voz.
Na metade do filme, vemos mais o rosto do personagem, completamente mudado após o acidente.
Senti o choque ao ver o seu rosto. Quase como se ele fosse um conhecido meu, entendi seu desespero ao ver o personagem completamente estático. Acordei.
A sensibilidade retratada aos personagens que fazem parte da vida de Jean, praticamente todos em primeiro plano na maioria do filme, é maravilhoso.
É como se mesmo depois de tanto tempo, Jean tivesse vendo, realmente vendo seus filhos, sua esposa, seu amigo, pela primeiríssima vez. Sua realidade agora, é outra.

Se eu tivesse que escolher uma cena que representasse o filme, diria a cena do telefonema entre Jean e seu pai. O diálogo é curto e eles dizem tanto. Fiquei na expectativa, aguardando uma explosão de choro de Jean, um grito, uma fala.
No fim, ficamos todos na expectativa, sentindo na pele, querendo a melhora dele, de Jean Dominique Baudy.

Trailer :

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