sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Se Nada Mais Der Certo
"A vida do ser humano com o outro é impossível. O que estamos assistindo é um milagre".
Personagens orfãos. Abandonados pelo sistema, a mercê da sorte. Assim vivem Leo(Cauã Reymond,totalmente desglamourizado), Marcin(Caroline Abras,olhos de Chloe Sevigny),Ângela(Luiza Mariani,atriz que adoro,finalmente resurge!), Wilson(João Miguel,dono de uma expressão carregada de sentimento densos).
A trama gira em torno do dinheiro e do abandono. Leo divide um apartamento com Ângela, que junto com ela, traz um filho pequeno. Além de sua depressão sem cura, não trabalha e gasta seu dinheiro em tarjas pretas. Leo conta com o trabalho/solidariedade da empregada que não ganha nada,mas ao menos, tem um teto para morar.
Leo conhece Marcin,bisexual,andrógina. Traficante,completamente sozinha,vive na cena dos bordéis com luzes neon na Grande São Paulo. Vive na cola de Cybelle, travesti vivida pelo ator Milhem Cortaz, que só nesse mês ainda está em cartaz com o longa Besouro e futuramente em Lula.
Um último personagem crucial se junta ao grupo. O taxista Wilson,juntos eles dividem cervejas, ideologias, sonhos e amarguras. Toda a amargura dos invisíveis da sociedade.
Se nada mais der certo é repleto de imagens carregadas de significados. A câmera escreve,dança entre os personagens. Contas de luz rabiscadas com desenhos infantis. A empregada que caminha pela casa apenas com a luz de vela,em total escuridão. O início do filme é de tanto movimento que os olhos não se perdem, eles acompanham toda essa "dança". São as luzes dos bordéis, os gritos de agonia de Leo, as andanças bêbadas de Ângela pelas ruas. Primeiros planos retratam a individualidade de cada personagem, a beleza do abandono, e logo depois, da identidade do coletivo.
O companheirismo dos três personagens principais(Leo,Marcin,Wilson) que topam qualquer negócio imediatista para sobreviver.
Falar mais entrega.
É um filme belo em todos os sentidos, graças a sua sutil fotografia (André Lavenere) que casa com o roteiro e a direção de José Eduardo Belmonte.
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